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Tenho consciência de que posso salvar vidas”, diz Gloria Perez

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Tititi

Os mais pessimistas costumam dizer que a televisão matou a janela, mas para Gloria Perez a telinha abriu uma porta rumo ao lugar de que mais gosta: a rua. “O grande barato de fazer uma novela é que ela é viva, gosto de ouvir o clamor que vem do povo”, pondera a escritora, que já faz de sua A Força do Querer a trama global das 9 de maior audiência desde 2014.

Nesse sentido, de ver e ouvir o que está acontecendo no Brasil e no mundo, sobretudo dentro do coração das pessoas, a autora conta com a preciosa ajuda da pesquisadora Sandra Regina, que colabora com ela em suas produções desde Carmem (1987), na extinta Manchete. Além de todo o trabalho de pesquisa de comportamento, costumes, culturas, conflitos atuais, por exemplo, a especialista tem outra função vital para o desempenho da história: “Se tem um bordão numa novela, ela o solta na fila de banco, de supermercado, para saber se está fazendo, mesmo, sucesso. Daí sigo com ele”, explica Gloria, lembrando de pérolas como o “Não é brinquedo, não”, dito o tempo todo pela divertida personagem dona Jura,
de Solange Couto, em O Clone (2011).

Mas o trabalho de Gloria vai infinitamente além. Ela é reconhecida por abordar temas polêmicos, inovadores e de mexer nas “feridas” da sociedade, provocando discussões e reflexões dentro de uma linguagem absolutamente popular. O objetivo é promover alertas e ações sociais, amenizar sofrimentos, salvar pessoas e quebrar preconceitos. Sim, para esta mestra, novela não é só entretenimento. É serviço!

Desta vez, a autora tem, entre outros desafios, contar a história de Ivana (Carol Duarte), uma jovem que passará por um processo de transição de gênero, justamente no país em que mais se mata travestis e transexuais no mundo, de acordo com o levantamento da organização não governamental Transgender Europe (TGEU). “Todas as minhas novelas têm a tolerância como síntese. Sempre falei sobre a dificuldade de aceitar o diferente, de ir além do próprio umbigo”, revela ela sem temer uma eventual rejeição do público diante do tema, considerado um tabu. “Claro, vou dar ouvidos ao telespectador, não para mudar o rumo da história, mas sim para saber se o que quero dizer está chegando da maneira que planejei. Se por acaso eu estiver errada, vou encontrar uma outra maneira de falar disso!”