Início BACANA NEWS Detentos oficializam matrimônio em cerimônia religiosa

Detentos oficializam matrimônio em cerimônia religiosa

Compartilhar
Facebook
Twitter
Com o clássico vestido branco, maquiagem, cabelo escovado e o tradicional véu de noiva, Brenda Cunha (vestido branco), de 24 anos, realizou, nesta quinta-feira (18), o sonho de dizer “sim”. O cenário desta vez não foi uma igreja, como de costume, mas sim um espaço improvisado dentro do Centro de Recuperação Penitenciário do Pará II (CRPP II), onde o noivo Rafael Maia (terno e camisa vermelha), de 34 anos, está custodiado. O casal está junto há mais de 8 anos. Com três filhos, só agora eles decidiram oficializar a união e trocar as alianças. “Nos conhecemos através das redes sociais, quando ainda estava fora do presídio. Infelizmente nos separamos porque eu cometi um erro e vim parar aqui no presídio, mas eu já estou pagando pelo crime que cometi, sou uma pessoa renovada e por isso decidimos que essa era a hora certa de realmente consagrar a nossa família. Estou no momento mais feliz da minha vida”, disse o detento Rafael Maia. FOTO: AKIRA ONUMA / ASCOM SUSIPE DATA: 18.01.2018 SANTA IZABEL - PARÁ

Com o clássico vestido branco, maquiagem, cabelo escovado e o tradicional véu de noiva, Brenda Cunha, de 24 anos, realizou, nesta quinta-feira (18), o sonho de dizer “sim”. O cenário desta vez não foi uma igreja, como de costume, mas sim um espaço improvisado dentro do Centro de Recuperação Penitenciário do Pará II (CRPP II), onde o noivo Rafael Maia, de 34 anos, está custodiado.

O casal está junto há mais de 8 anos. Com três filhos, só agora eles decidiram oficializar a união e trocar as alianças. “Nos conhecemos através das redes sociais, quando ainda estava fora do presídio. Infelizmente nos separamos porque eu cometi um erro e vim parar aqui no presídio, mas eu já estou pagando pelo crime que cometi, sou uma pessoa renovada e por isso decidimos que essa era a hora certa de realmente consagrar a nossa família. Estou no momento mais feliz da minha vida”, disse o detento Rafael Maia.

A noiva afirma que cuidou pessoalmente de todos os detalhes da cerimônia. “As nossas famílias não moram aqui, a minha está em Macapá e a dele no Rio de Janeiro, então eu tive que cuidar de tudo sozinha e com a ajuda também dos amigos. Comprei o vestido, fiz cabelo e maquiagem e hoje eu estou aqui para realizar meu maior sonho. Sempre sonhei com o meu casamento. Estou muito nervosa, mas muito feliz por estar aqui. Não é fácil a situação em que a gente se encontra, mas nos apoiamos e vamos superar tudo isso”, destacou Brenda Cunha.

O pastor Elias Nascimento já realiza esse tipo de cerimônia dentro dos presídios há mais de 12 anos. Para ele, essa é uma maneira de contribuir para que os detentos também possam ter um momento especial como esse e sintam que estão voltando ao convívio em sociedade.

“Nós da igreja somos a família deles aqui dentro do cárcere, então damos todo o apoio a eles em momentos como esse, para que tudo saia como planejado e como se o casamento estivesse sendo realizado fora do presídio. Há muito preconceito envolvido em uma história como essa, muitas pessoas condenam, mas o nosso papel é apoiar esta celebração, pois sabemos o quanto isso contribui com o processo de ressocialização dos detentos”, avaliou o pastor.

“Quando o preso decide casar ele avisa a direção da casa penal; caso ele precise de algum tipo de documentação, como a identidade ou CPF, nós damos o apoio para que esse documento seja retirado e a oficialização do casamento possa ser feita. Desde o ano passado temos percebido um sensível aumento no número de uniões”, explicou Lilian Valdez, da Coordenadoria de Assistência Social (CAS) da Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado (Susipe).

Histórias de amor – O detento Romário Moreira da Silva, de 30 anos, também custodiado no CRPP II, já passou pela experiência do casamento e diz que o casal continua junto e feliz e já faz planos para quando ganhar a liberdade.

“Eu conheci a minha esposa aqui dentro do cárcere, quando ela vinha visitar um outro preso. A relação dela com essa outra pessoa não deu certo e o relacionamento que eu tinha também não. Foi coisa do destino. Ela passou a me visitar e nós começamos a namorar e depois de três anos decidimos casar. Estamos felizes e quando eu sair daqui só penso em dar um futuro melhor para a família que eu decidi construir”, ressaltou o detento.

No Centro de Recuperação Penitenciário Pará I (CRPP I), a história de amor do detento Fred Jorge Brasil, de 44 anos, e da esposa Tânia Cristina Pantoja, de 46 anos, já dura dois anos. A cerimônia foi realizada dentro do presídio, em 2015.

“O nosso maior sonho é ter um filho, mas vamos deixar pra realizar isso quando eu sair daqui. Hoje, nós dois já trabalhamos, eu aqui dentro do presídio como faxineiro e ela como autônoma e estamos construindo nossa vida. Ela sempre vem me visitar e nosso relacionamento continua firme e forte. Somos uma família muito feliz”, concluiu o detento.