Início BACANA NEWS Atendimentos a vítimas de acidentes no Metropolitano caem 23% em 2017

Atendimentos a vítimas de acidentes no Metropolitano caem 23% em 2017

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O diretor-geral do Hospital Metropolitano, Rogério Kuntz, credita essa redução no número de atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito a ações educativas que a unidade desenvolve, como o programa Direção Viva (foto). FOTO: ASCOM HMUE DATA: 18.01.2018 ANANINDEUA - PARÁ

Dois meses antes de completar 17 anos, a estudante H.B.R. sofreu um acidente de motocicleta no bairro de Val-de-Cans, em Belém. Na noite do Círio de Nazaré, em outubro de 2017, a jovem fraturou a bacia, depois que a moto de um amigo que a levava de volta para casa derrapou e ambos caíram no asfalto.

Distante dali, no bairro do Barreiro, a diarista Odenise Teixeira Barbosa recebeu a notícia do acidente da filha por meio de uma sobrinha e chegou ao local do episódio pouco depois. “Ela estava deitada no chão, com muita dor, dizendo que ia morrer”, conta.

Após receber os primeiros atendimentos no Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti (14 de Março), a jovem foi transferida para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), em Ananindeua, onde recebeu atendimento especializado em trauma e após 16 dias retornou para casa.

A adolescente é um dos 4.313 pacientes vítimas de acidentes de trânsito que deram entrada no Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência em 2017. Desse total, 1.799 foram atendimentos feitos a pessoas envolvidas em acidentes com motocicletas. Outros 1.587 pacientes foram vitimados por colisões. A unidade atendeu, ainda, 755 casos de atropelamentos e 172 de acidentes de bicicleta.

O número total de atendimentos relacionados a pacientes vítimas de acidentes de trânsito em 2017 é 23,62% menor que o registrado no ano anterior. Em 2016, a unidade gerenciada pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato de gestão com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), recebeu 5.467 pacientes vítimas de acidentes de trânsito. A unidade conta hoje com um índice de 96,43% de aprovação dos usuários.

A desatenção do condutor foi a causa do acidente que vitimou a jovem H.B. Ela precisou retornar para atendimento no HMUE depois que passou a sentir fortes dores na região da bacia, no final do ano passado. “Quando voltei para cá, o médico disse que eu estava com uma infecção e que precisava ficar internada tomando antibiótico”, contou.

Com isso, H.B. passou as festas de fim de ano na unidade. “Já passei o Círio aqui, o Natal e o Ano Novo. Agora vou pular o Carnaval também”, comenta a jovem, amenizando a situação. No entanto, a jovem passou por momentos de tensão. “Fiquei com medo de não voltar a andar. Via as pessoas fazendo coisas aparentemente simples, como tomar banho sozinhas, e eu não podia. Chorava todos os dias pensando nisso”, contou.

Foi o receio de não voltar a andar que levou H. B. a direcionar todos os esforços para sua reabilitação. “Os médicos me disseram que demoraria seis meses pelo menos para eu voltar a andar, mas quando fui para casa eu foquei na minha recuperação”, acrescentou. O acidente deixou uma certeza para ela: moto nunca mais. “Quando eu tinha 15 anos, pensava em ter uma moto. Gostava da sensação de liberdade, mas isso é só ilusão. Quando a gente sofre um acidente não sabe o que vai acontecer”, refletiu.

Direção Viva

O diretor-geral do Hospital Metropolitano, Rogério Kuntz, credita essa redução no número de atendimentos a vítimas de acidentes de trânsito a ações educativas que a unidade desenvolve, como o programa Direção Viva. “Não podemos afirmar que o número de acidentes de trânsito na região metropolitana de Belém caiu, mas dentro do perfil de atendimentos do Hospital Metropolitano, que é de média e alta complexidade, tivemos, sim, um número menor de casos graves e atribuímos isso a ações preventivas”, avaliou.

Durante o ano de 2017, Kuntz e o coordenador do Pronto-Atendimento do HMUE, o médico José Guataçara, percorreram universidades, escolas e órgãos públicos levando informações sobre as sequelas deixadas nos pacientes vítimas de acidentes de trânsito.

Uma das ações de destaque foi a palestra alusiva ao Dia do Motociclista, realizada no dia 27 de julho, no Centur, em Belém, que contou com a participação de mais de 100 motociclistas e trouxe o tema: “Quero andar de moto até morrer, mas não quero morrer andando de moto”.

Segundo Guataçara, as palestras do programa são uma oportunidade para que os profissionais da Pró-Saúde deixem o ambiente hospitalar e repassem as informações diretamente à comunidade. “É uma forma de capacitação, para mostrar a importância do uso dos equipamentos de proteção individual, e também para evitar lesões e diminuir a mortalidade”, disse.

Durante o mês de julho, o programa também levou orientações a motoristas, pedestres, ciclistas e motociclistas para a importância do uso dos equipamentos de segurança e da direção responsável no verão paraense. Colaboradores e residentes multiprofissionais da unidade utilizaram maquiagens para simular lesões causadas por acidentes de trânsito. A caracterização foi feita com itens simples, como farinha de trigo, cola branca, açúcar e corante alimentício. A mistura produziu um resultado bem realista, que dava ao público a impressão de estar diante de lesões verdadeiras.

Os colaboradores também distribuíram material educativo aos condutores que trafegavam no sentido Belém-Ananindeua pela BR-316, em Ananindeua. A ação teve apoio da Polícia Rodoviária Federal, responsável por orientar o trânsito na área.

O programa “Direção Viva” é desenvolvido no Hospital Metropolitano desde novembro de 2016. Criado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, o programa busca sensibilizar cada vez mais pessoas sobre as sequelas oriundas dos traumas causados por acidentes de trânsito. Realizado de maneira contínua, o ‘Direção Viva’ envolve profissionais de diversas especialidades, discutindo esse tema sob ângulos distintos.

Paulo Czrnhak, diretor Operacional da Pró-Saúde no Pará e coordenador do programa “Direção Viva”, explica que a Pró-Saúde tem atuado na sensibilização da sociedade em prol de um trânsito mais seguro, de maneira a reduzir cada vez mais a ocupação de leitos por conta de traumas evitáveis. ‘Para que haja uma melhor qualidade de vida é preciso que haja saúde, e muitas vezes essa condição depende das nossas próprias escolhas. Optamos, enquanto entidade beneficente, em atuar na sensibilização e prevenção de traumas evitáveis, para que os cidadãos compreendam seu papel enquanto agentes de um trânsito seguro, em que cada vez menos famílias tenham que chorar a perda de pessoas queridas por conta de ações imprudentes”, comentou o diretor.

Para 2018, Paulo Czrnhak conta que os hospitais ampliarão as ações de educação em saúde, levando cada vez mais profissionais a escolas e empresas, alertando sobre a importância de um trânsito mais seguro.