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Finalmente William Waack se pronuncia

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Acalmado os ânimos, o jornalista William Waack resolve se pronunciar a respeito de seu comentário racista, descoberto pelo grande público no final do ano passado, após um vídeo gravado na ocasião vazar na internet.

William se justifica, se defende e pede desculpas pela “piada de mal gosto”, e ainda dá a entender que a Globo se acovardou ao demiti-lo. Tudo isso em um texto publicado no Jornal A Folha de São Paulo onde diz:

“Se os rapazes que roubaram a imagem da Globo e a vazaram na internet tivessem me abordado, naquela noite de 8 de novembro de 2016, eu teria dito a eles a mesma coisa que direi agora: ‘Aquilo foi uma piada —idiota, como disse meu amigo Gil Moura—, sem a menor intenção racista, dita em tom de brincadeira, num momento particular. Desculpem-me pela ofensa; não era minha intenção ofender qualquer pessoa, e aqui estendo sinceramente minha mão. Autorizado por ela, faço aqui uso das palavras da jornalista Glória Maria, que foi bastante perseguida por intolerantes em redes sociais por ter dito em público: ‘Convivi com o William a vida inteira, e ele não é racista. Aquilo foi piada de português.’ Não digo quais são meus amigos negros, pois não separo amigos segundo a cor da pele. Assim como não vou dizer quais são meus amigos judeus, ou católicos, ou muçulmanos.“

Para ele, o episódio que resultou em sua demissão é a expressão de um fenômeno mais abrangente que é a vigilância da mídia tradicional por grupos organizados que atuam dentro das redes sociais. Sem citar nomes de veículos, Waack afirma que por “falta de visão estratégica, ou covardia, ou ambas”, muitos dos veículos tradicionais se tornam reféns da redes mobilizadas, parte delas, segundo o jornalista, alinhada com os que os donos de outras agendas políticas definem como correto. “Perversamente, acabam contribuindo para a consolidação da percepção de que atores importantes da “mídia tradicional” se tornaram perpetuadores da miséria e da ignorância no país, pois, assim, obteriam vantagens empresariais.

“ É essa parte do nosso caráter nacional que os canalhas do linchamento —nas palavras, nesta Folha, do filósofo Luiz Felipe Pondé— querem nos tirar. Prostrar-se diante deles significa não só desperdiçar uma oportunidade de elevar o nível de educação política e do debate, mas, pior ainda, contribui para exacerbar o clima de intolerância e cerceamento às liberdades –nas palavras, a quem tanto agradeço, da ministra Cármen Lúcia, em aula na PUC de Belo Horizonte, ao se referir ao episódio. Admito, sim, que piadas podem ser a manifestação irrefletida de um histórico de discriminação e exclusão. Mas constitui um erro grave tomar um gracejo circunstanciado, ainda que infeliz, como expressão de um pensamento. Até porque não se poderia tomar um pensamento verdadeiramente racista como uma piada. Termino com um saber consagrado: um homem se conhece por sua obra, assim como se conhece a árvore por seu fruto. Tenho 48 anos de profissão. Não haverá gritaria organizada e oportunismo covarde capazes de mudar essa história: não sou racista. Tenho como prova a minha obra, os meus frutos. Eles são a minha verdade e a verdade do que produzi até aqui”.