Silvio Tendler: O adeus ao ‘cineasta dos sonhos interrompidos’ que revolucionou o documentário brasileiro

O legado de um mestre do documentário brasileiro
O renomado cineasta Silvio Tendler, conhecido por seus documentários de engajamento político e defesa da memória histórica, faleceu nesta sexta-feira (5), aos 75 anos. Ao longo de sua carreira, dirigiu mais de 70 filmes e 12 séries de televisão.
O diretor, que enfrentava havia dez anos uma neuropatia diabética, faleceu em decorrência de uma infecção generalizada. Conhecido como o cineasta dos sonhos interrompidos, Tendler construiu uma carreira marcada pela defesa da memória histórica, da democracia e da justiça social. Em mais de 40 anos de trajetória, realizou cerca de 80 obras, consolidando-se como referência em documentários de cunho político, histórico e cultural.
Trajetória e reconhecimento
Nascido em 1950 no Rio de Janeiro, Tendler iniciou sua carreira ainda na adolescência. Durante a ditadura militar, ele viveu no Chile e na França, onde se graduou em História e fez mestrado em Cinema e História na Sorbonne.
Ao longo de sua carreira, recebeu mais de 60 medalhas, prêmios e condecorações, e possui as três maiores bilheterias do documentário brasileiro: ‘Os anos JK – Uma Trajetória Política’, ‘O Mundo Mágico dos Trapalhões’ e ‘Jango’. Seu acervo particular de imagens, usado em suas pesquisas, possui mais de 80 mil títulos sobre a história do Brasil e do mundo.
Últimas obras e legado
Mesmo em seus últimos anos, Tendler permaneceu ativo, realizando obras como ‘Em Busca de Carlos Zéfiro’ (2020) e ‘Nas Asas da Pan Am’ (2020), sua autobiografia. Seu engajamento continuou até o fim, com obras como ‘A Bolsa Ou a Vida’ (2021) e ‘O Futuro é Nosso!’ (2023), seu último longa, que se debruça sobre as perspectivas de um futuro impactado pela tecnologia e relembra a trajetória de lutas trabalhistas por direitos fundamentais.
‘Hoje, a Caliban se despede de seu fundador, o documentarista, utopista e admirador da vida, Silvio Tendler. Ele partiu aos 75 anos, após 57 de dedicação ao cinema nacional. Silvio deixa uma filha, um neto, mais de cem obras, incontáveis amigos, centenas de ex-alunos, uma legião de fãs e a semente da justiça social plantada em todos nós’.


