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Pesquisadores do Pará criam biodigestor que gera economia de gás de até 72 mil reais por ano

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Foto:Divulgação/Unifesspa

Por Portal Amazônia, com informações da Unifesspa

No Assentamento Veneza pertencente ao município de São Domingos do Araguaia, no sudeste do Pará, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) entregou na última semana, o 1º Biodigestor – denominado “BioFertiGás” à família da dona Nádia Gomes da Silva, moradora no local há 15 anos.

O projeto para construção do Biodigestor foi desenvolvido pelo Grupo de Estudos em Máquinas e Mecanização Agrícola (GEMMA) e coordenado pelo Prof. Dr. David Cardoso Dourado, do curso de Agronomia da Unifesspa. A equipe do GEMMA que possui 25 alunos, sendo 2 egressos, mais um bolsista – Alexandre Alves, trabalhou por cerca de 1 ano no projeto, visitando o assentamento cerca de 2 a 3 vezes por mês para os ajustes necessários.

Na oportunidade, a aluna do curso de Agronomia Cristiane Scheidegger Maia defendeu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado – “Elaboração da Cartilha de instalação de BioFertiGás no Assentamento Veneza em São Domingos do Araguaia”, conquistando conceito excelente em sua apresentação. A Banca examinadora foi composta pelo orientador Prof.º Drº. David Cardoso Dourado, Prof.º Drº. Sergio Moreno Rédon e pelo engenheiro agrônomo da Faculdade de Ciências Agrárias de Marabá Igor Vinícius de Oliveira.

Cerca de 10 Manuais (cartilhas) foram entregues aos produtores rurais que vão analisar, verificando a necessidade de ajustes e correções para que fique numa linguagem a mais compreensiva possível aos produtores rurais.

O projeto

O projeto conta com parceiros importantes. Entre eles estão o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará – Ideflor-bio, além da prefeitura de São Domingos do Araguaia, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente representada pelo secretário Lourival Pimentel.

Segundo o coordenador, Profº. Drº. David Cardoso Dourado, o Senar apoia o projeto com treinamento de pessoal e na implantação via programa de gestão das propriedades rurais que envolve todos os processos de gerenciamento na cadeia produtiva leiteira (Programa Ateg Leite).

O Senai está contribuindo na construção da forma (molde) do BioFertiGás e prestando assistência na cadeia de geração de energia elétrica via biogás, além de treinamentos. Já o Ideflor-bio colabora na instalação e manutenção de 1 hectare de um Sistema Agroflorestal (SAF) que seria uma contrapartida da família contemplada com a instalação do BioFertiGás em sua propriedade.

Esta área após instalada, será legalmente regularizada via Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente do município e, por fim, o projeto conta também com o apoio da prefeitura de São Domingos do Araguaia que buscou o financiamento via Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) de cerca de R$ 200 mil reais para a instalação de 60 biodigestores no município, além de prestar assistência geral ao projeto.

“Foi uma conquista não só pessoal, como também coletiva, uma vez que envolveu um grupo de pesquisas, produtores rurais, além de órgãos públicos. Todos trabalhando em prol do mesmo objetivo: desenvolvimento socioambiental de baixo custo e grande impacto, não só ao meio ambiente como também a toda comunidade direta ou indiretamente envolvida. Agora, o BioFertiGás é uma ação institucional que trilha os caminhos para tornar-se um plano de governo”, argumentou o professor David Dourado.

Conheça o BioFertiGás

O BioFertiGás possui 2,5m de largura, 2,20m de profundidade e uma caixa d’água ou campânula de 3 mil litros, saindo a um custo bem acessível, cerca de R$ 3 mil reais, tornando-o R$ 5 mil reais mais barato em relação aos tradicionais biodigestores encontrados no mercado.

Para a construção do biodigestor, a matéria-prima que substituiu o cimento, foi o pó de despoeiramento, um resíduo da indústria siderúrgica e objeto de estudo do Pós-Doutoramento do Profº. Dr.º David Dourado. Esse material junto às adaptações metodológicas, tornou o processo mais rápido, mais fácil, mais econômico e, o principal: trouxe um apelo socioambiental de viés sustentável que prioriza o aproveitamento de resíduos em prol ao meio ambiente.

Mais biodigestores

Durante o evento foi anunciada a entrega de mais 60 biodigestores para 60 famílias da região, que vai permitir que elas economizem cerca de R$ 72 mil reais por ano em consumo de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), e, além desta vantagem, as famílias poderão empregar o Biofertilizante (adubo orgânico proveniente do processo) nas hortaliças, pastos, SAF´S e outros, eliminando assim, despesas na compra de adubos químicos.

Chácara “Alto Bonito” no Assentamento Veneza

A agricultora familiar Nádia Gomes da Silva cultiva cajá, acerola, abacaxi, jaca, banana maçã, banana da terra, manga, goiaba, coco, açaí, tamarindo, castanha-do-pará. Com a venda da polpa das frutas, ela tira o sustento da família. Viúva há 8 anos e mãe de 3 filhos, ela cultiva hortaliças, possui criação de gado, porco e galinhas, além de produzir farinha e vender leite para o abastecimento dos laticínios da região.