Início GERAL O estado que Simão Jatene deixará para o seu sucessor é preocupante.

O estado que Simão Jatene deixará para o seu sucessor é preocupante.

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FOTO: CRISTINO MARTINS / AG. PARÁ DATA: 22.05.2017 BELÉM - PARÁ

Hoje é possível construir muitos cenários políticos para sucessão do governador Simão Jatene, que deixará o governo em breve, sendo o primeiro paraense a governar o estado por três mandatos. Mas qual o cenário econômico, financeiro e orçamentário espera o próximo governador do estado?

Um estado se governa com homem, projeto, planejamento e receita.

Apenas para exercitar o chutômetro, podemos especular as duas seguintes possibilidades:

Cenário 1

1. Helder Barbalho pelo PMDB; 2. Márcio Miranda pelo Democrata; 3. Úrsula Vidal pela REDE; 4. Sidney Rosa pelo PSB e 5. Paulo Rocha pelo PT.

Cenário 2

1. Helder Barbalho pelo PMDB; 2. Zequinha Marinho pelo PSC; 3. Zenaldo Coutinho pelo PSDB; e 4. Úrsula Vidal pela REDE com uma frente de esquerda formada pelo PT, PSOL e PCdoB.

Os jornalistas e colunistas paraenses, principalmente os dos grandes veículos, ocupam-se cotidianamente em buscar nomes para compor os cenários de disputas a serem apresentados em suas matérias ou colunas. No que estão coretos.

No Pará e no Brasil essa é a prática, discutir primeiro os nomes, numa inversão terrível. e só depois (as vezes nunca) o programa.

Aqui se discute primeiro os bois (sem ofensas), depois a carroça. Mas é a carroça o mais importante. O tamanho e o uso que terá a carroça é que servirá de parâmetro para se decidir quantos bois necessitarão para puxá-la.

Neste momento, antes de sabermos os nomes que os partidos ou coligações vão indicar, deveríamos estar debatendo os problemas que afligem a população, quais as soluções possíveis e quanto vamos precisar de receita para solucioná-los.

Conversei com o vice-governador Zequinha Marinha e da conversa extraí que o atual governador cuida apenas dos macros-problemas, deixando de lado o dia a dia, as questões mais caras aos cidadãos, que acabam ficam sem soluções: falta de professores nas escolas, falta de pessoal na área de saúde, técnicos para extensão rural em apoio a agricultura familiar, segurança pública, foram algumas das áreas citadas por ele como exemplo.

Na conversa com o deputado Sidney Rosa, falou-se sobre Orçamento de 2018 que tramita na Assembleia Legislativa, na proposta de aumento de imposto e do inchaço da máquina pública, com as despesas correntes, pessoal e custeio, engolindo quase a totalidade das receitas, deixando apenas 4% de recursos para investimentos.

Os deputados não permitiram aumentar ainda mais a tão pesada carga tributária e governo recuou, mas não cortou na carne, deixando as despesas evoluírem perigosamente.

Diante do que ouvi. Fui para casa, acessei o site da SEPLAN e fiz um download da proposta orçamentária para 2018. Me assustei, pois vi que a situação é grave.

Eis os números distribuídos em despesas correntes e despesas de capital, com a evolução das despesas nos últimos quatros anos e a projeção para 2018.

O Orçamento é de R$ 24 bilhões. O Pará foi o estado que mais incremento de receitas teve, mas a gestão dos recursos está terrivelmente ameaçada. E pode piorar ainda mais. Aproximado o Pará do Rio de Janeiro muito em breve.

Nestas despesas orçamentárias ainda não estão previstos o funcionamento dos hospitais regionais em construção, principalmente o Abelardo Santos. Não está previsto o funcionamento dos centros de convenções e da escola de música de Bragança e tantas outras obras prestes a serem concluídas.

Estas obras, depois de inauguradas, terão que ser equipadas e dentro delas terá um grande contingente de pessoal, fazendo crescer ainda mais as despesas correntes e, lógico, engolindo o pouco ou quase nada da despesas de capital, principalmente o minguado investimento.

Talvez seja por essa razão, sabendo da dificuldade de administrar o orçamento caso todos estas obras seja entregues de forma definitiva antes de uma possível renúncia para concorrer a algum mandato eletivo, que o Governo do Estado está focando sua propaganda na conclusão do prolongamento da João Paulo II e do Parque do Utinga, deixando as outras obras para o seu sucessor equipar e prover de pessoal.

O quadro é preocupante. Quem sentar na cadeira antecipadamente pela renúncia do atual titular ou definitivamente depois de eleito tem um enorme dever de casa para solucionar, se é que tem solução de curto e médio prazo.

Os candidatos, no calor da campanha eleitoral, no lugar onde só se discute nomes, terão apenas seus perfis pessoais avaliados, deixando-se de cobrar a apresentação e compromisso com o programa de governo.

Fica aqui minha provocação para os colunistas e jornalistas. Ajudem o povo paraense, vocês podem. Cobrem que a carroça venha primeiro e só depois se coloque os bois (de novo, sem ofensa).