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Maior desmatador da Amazônia é fornecedor da JBS

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Além do trabalho escravo, a operação revelou que Jotinha, apelido de Antônio Junqueira, operava na região o maior esquema de desmatamento ilegal associado a grilagem de terras da história da Amazônia. As inspeções federais às fazendas do grupo ocorreram entre 2014 e 2016, período em que houve reincidência dos crimes.
Pelos crimes ambientais, Jotinha levou multa de 119 milhões de reais. Ele contesta as denúncias feitas contra ele e sua família (leia nota na íntegra).
Procurada pela reportagem, a JBS afirmou que “assim que recebeu as informações sobre as irregularidades todas as compras de gado da família Junqueira foram imediatamente interrompidas”.
A principal linha de defesa da empresa foi argumentar que não seria possível descobrir crimes que só vieram à tona graças à operação federal.
Dentro do inquérito, porém, a empresa apresenta mais informações sobre o caso. Nela, a JBS admite que continuou comprando de Jotinha e família apesar de seus nomes constarem na lista de proprietários que têm áreas embargadas no Ibama.
Isso não é uma ilegalidade, já que a lei brasileira veta apenas a compra de gado criado em áreas embargadas. Não há crime em negociar com proprietários que tenham outras áreas embargadas, desde que eles vendam de fazendas legalizadas. O cuidado, porém, poderia ter sido tomado por iniciativa própria de uma empresa preocupada em evitar práticas criminosas entre seus fornecedores.

Esse ano outra operação do Ibama revelou problemas ainda maiores no controle de fornecedores da JBS. A operação Carne Fria revelou que dois frigoríficos da empresa no sudeste do Pará compraram quase 30.000 cabeças de gado que vieram diretamente de áreas embargadas.
A empresa negou as compras diretas, admitindo apenas os casos de triangulação: quando os bois criados em terras embargadas passavam por fazendas onde não havia nenhuma proibição, de onde eram comprados pela JBS.
Somando todos os casos envolvendo a empresa nessa operação, a multa para a JBS foi de R$ 24,7 milhões por crime ambiental. Os dois frigoríficos foram ainda proibidos de comprar novos bois enquanto a empresa não tomasse medidas para resolver a origem do problema.