Eleições em Honduras: País Vive Tensão com Apuração Lenta e Interferência de Trump

Contexto e Importância das Eleições em Honduras
As eleições gerais foram realizadas em Honduras no dia 30 de novembro de 2025 para eleger o Presidente, membros do Congresso Nacional e 20 membros do Parlamento Centro-Americano. Este pleito representa um momento crucial para o país centro-americano, marcando as primeiras eleições desde a chegada de Xiomara Castro à presidência, em janeiro de 2022, quebrando o histórico bipartidarismo que dominou Honduras por décadas.
Cerca de 6,5 milhões de eleitores hondurenhos foram chamados às urnas para escolher entre a continuidade de um governo de esquerda e o regresso da direita, numa atmosfera de elevada tensão política e de violência. A relevância internacional das eleições aumentou devido à intensa interferência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no processo eleitoral.
Candidatos Principais e Cenário Eleitoral
A disputa presidencial hondurenha concentrou-se em três candidatos principais. Rixi Moncada, professora e advogada de 60 anos, concorre pelo partido Liberdade e Refundação (LIBRE), que governa o país desde 2022. Representando a continuidade do governo de esquerda de Xiomara Castro, Moncada enfrentou forte oposição conservadora.
Salvador Nasralla, apresentador de televisão de 72 anos, concorre pelo Partido Liberal, um movimento centrista que governou o país, em alternância com o Partido Nacional, desde o final do século XIX até 2022. O terceiro candidato principal foi Nasry Asfura, do Partido Nacional conservador, apoiado publicamente por Trump, que o chamou de “o único verdadeiro amigo da liberdade em Honduras”.
Interferência Internacional e Controvérsias
O processo eleitoral foi marcado por intensa interferência externa. Trump declarou que os EUA não “jogariam dinheiro” em Honduras se Asfura não vencesse a eleição. Além disso, Trump anunciou que concederia perdão ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernandez, condenado em 2024 a 45 anos de prisão por tráfico de droga e crimes relacionados com armas.
Em outubro de 2025, gravações de áudio foram divulgadas apresentando supostas conversas entre membros da oposição discutindo planos para “manipular o voto popular”, com Zambrano, líder do Partido Nacional, rejeitando as gravações como falsas e manipuladas por inteligência artificial, levando a presidente Castro a pedir investigação oficial.
Apuração Problemática e Resultados Preliminares
O sistema de divulgação dos resultados preliminares das eleições de Honduras voltou a ser interrompido, com a apuração dos votos suspensa pela segunda vez. As eleições realizaram-se a 30 de novembro e o país continua sem resultados definitivos, com 84,52% dos resultados processados mostrando Nasry Asfura mantendo ligeira vantagem com 40,05% dos votos, enquanto Salvador Nasralla vem logo atrás com 39,74%.
Com cerca de 88% das urnas apuradas, o CNE registra 40,2% dos votos para Asfura e Salvador Nasralla com 39,51%, com diferença de apenas cerca de 19 mil votos entre primeiro e segundo colocado. Rixi Moncada está em terceiro lugar com 19,28% dos votos.
Consequências e Perspectivas Futuras
O partido governista Libre pediu a anulação total do pleito devido à interferência de Trump, condenando a ingerência e coação do presidente dos EUA nas eleições de Honduras. A situação permanece tensa, com organizações camponesas protestando junto à sede do CNE, rejeitando os resultados como “manipulados” e afirmando que a contagem é uma afronta ao povo hondurenho.
O resultado final terá profundas implicações para o futuro político de Honduras, incluindo as relações com Estados Unidos e China, políticas de segurança e combate ao narcotráfico. Nas Honduras não há segunda volta, por isso o candidato que obtiver maioria simples governará o país nos próximos quatro anos, tornando cada voto crucial nesta disputada eleição.









