Arábia Saudita x Emirados Árabes Unidos: Entre Parceria e Rivalidade

Introdução: Uma Relação Complexa no Golfo Pérsico

As relações entre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos têm sido fundamentais para moldar a geopolítica do Oriente Médio nas últimas décadas. Esses dois gigantes do Golfo Pérsico, tradicionalmente aliados, estão vivendo um momento de transição em sua parceria, marcado por competição intensificada que ocasionalmente leva a relações tensas e agendas geoeconômicas e geopolíticas divergentes. Compreender essa dinâmica é essencial para entender os rumos da região árabe e suas implicações para o mercado global de energia, estabilidade regional e relações internacionais.

Cooperação Econômica: Laços Comerciais Fortes

Apesar das tensões, o comércio não petrolífero entre os EAU e a Arábia Saudita atingiu Dh91 bilhões no primeiro semestre de 2025, comparado a Dh151,5 bilhões em todo o ano de 2024. A Arábia Saudita é considerada o primeiro maior parceiro comercial do mundo árabe e o terceiro no mundo com os Emirados Árabes Unidos, com os EAU adquirindo a maior participação de 67,8%, totalizando US$ 20 bilhões. Essa interdependência econômica demonstra que, mesmo em momentos de competição, os dois países mantêm vínculos comerciais robustos.

Competição pela Liderança Regional

Por várias décadas, os Emirados Árabes Unidos foram o líder econômico regional indiscutível, atraindo investidores estrangeiros. Recentemente, no entanto, a Arábia Saudita redobrou seus esforços para competir com Dubai e se apresentar como o novo líder econômico regional. De acordo com o Relatório de Investimento Mundial de 2024 da UNCTAD, o valor do investimento direto estrangeiro nos EAU chegou a US$ 30,688 bilhões em 2023, acima dos US$ 22,737 bilhões em 2022, tornando os EAU o segundo maior destino de influxo de IDE no mundo, enquanto a Arábia Saudita também registrou um aumento impressionante nos fluxos de IDE, superando as metas oficiais em 16% e chegando a US$ 25,6 bilhões em 2023.

Divergências Estratégicas

Apesar de sua visão semelhante para o futuro da região, três guerras civis – na Síria, Sudão e Iêmen – viram os países priorizando diferentes objetivos de segurança nacional. Especificamente, em cada uma das três guerras civis, os EAU priorizaram seus interesses estratégicos econômicos e objetivos anti-islamistas sobre o combate ao Irã. Por outro lado, a Arábia Saudita priorizou o combate ao Irã e a estabilização de seus países vizinhos sobre o anti-islamismo. Recentemente, devido à forte chuva, a partida entre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos foi pausada durante a Copa Árabe, evento esportivo que simboliza tanto a proximidade quanto a rivalidade entre as nações.

Conclusão: Pragmatismo e Interdependência

A era da Arábia Saudita e dos EAU trabalhando juntos provavelmente acabou e sua relação bilateral deve ser caracterizada principalmente pelo pragmatismo como era antes de 2015. À medida que navegam por tempos desafiadores, podem-se esperar disputas e confrontos – particularmente na arena econômica – mas Riad e Abu Dhabi permanecerão ligados um ao outro por anos. Essa relação complexa entre cooperação e competição continuará moldando não apenas o Golfo Pérsico, mas toda a dinâmica do Oriente Médio, com impactos significativos para investidores, diplomatas e observadores globais interessados na estabilidade e prosperidade da região.